O quinto mandato de Vladimir Putin como Presidente era há muito esperado, mas a sua vitória estava longe de ser simples no complexo mundo da política russa.
Os resultados das recentes eleições russas foram tão previsíveis. As recentes tensões, sublinhadas pelo conflito em curso na Ucrânia e pelas tão aguardadas eleições presidenciais, trouxeram mais uma vez Vladimir Putin para o primeiro plano da atenção global.
Contra as complexidades geopolíticas e a dissidência interna, a vitória esmagadora de Putin nas eleições tem implicações de longo alcance para o futuro da Rússia e para as suas relações com a comunidade internacional.
À medida que o mundo observa atentamente, a interação entre estes acontecimentos recentes prepara o terreno para uma análise mais profunda da dinâmica que molda a política interna, a política externa da Rússia e o cenário global em evolução.
O processo eleitoral
As eleições realizadas entre 15 e 17 de março careciam de estrutura genuína. Este ano, o país introduziu um plataforma de votação digital na esperança de que 38 milhões de eleitores votassem online, no entanto, apenas 4.9 milhões o fizeram. Além disso, as ações tomadas por Putin garantiram que os candidatos anti-guerra não fossem autorizados a concorrer.
O processo eleitoral também viu intimidação do eleitor com os cidadãos sendo forçados a votar em mais de 60 regiões do país. A transparência não estava disponível, uma vez que as imagens das câmaras CCTV nas assembleias de voto foram fortemente restringidas.
Apesar de uma oposição frustrada, foram organizados alguns protestos, demonstrando uma forma de “resistência silenciosa”. As eleições não foram vistas como livres nem justas, servindo como uma formalidade para prolongar o mandato de Putin, com a máquina de propaganda do Kremlin reforçando o seu apoio.
Quinto mandato de Putin
Em 2020, Putin garantiu com sucesso mudanças constitucionais na Rússia que lhe permitem potencialmente permanecer no poder até 2036, redefinindo os limites do mandato presidencial.
Esta alteração permite a Putin concorrer à presidência mais duas vezes após o seu mandato actual, potencialmente alargando significativamente o seu governo.
Outro período sob Putin significa inevitavelmente mais repercussões para o Ocidente. As recentes ações militares dos russos deixaram-nos laços com a China, a Índia, a África, o Médio Oriente e a América Latina. A actual direcção da política externa da Rússia parece condenar o Ocidente e qualquer nação que se considere ter demonstrado hostilidade.
Em termos do seu arsenal nuclear, o Kremlin está mais forte do que nunca. Na verdade, à luz da guerra com a Ucrânia, os rumores sobre esse tipo de armamento deverão aumentar – especialmente com a crescente resposta da NATO.
No início deste mês, Putin anunciou que tinha transferido as armas nucleares da Rússia para Bielorrússia, mais perto do território da OTAN para incitar os inimigos ocidentais.
Actualmente, outro objectivo importante do político russo é evitar as sanções cooperativas abrangentes impostas à nação, principalmente pela União Europeia, pelos Estados Unidos e por outros países ocidentais.
Para mitigar isso, algumas das medidas Putin tomou medidas para redireccionar as suas exportações de gás através da Turquia, exportar mais gás russo para a China através da Mongólia e expandir a Rota Marítima do Norte para a ligar à Noruega.
O secretário geral da OTAN, Jens Stoltenberg fortemente criticado O quinto mandato de Putin como presidente russo, chamando a eleição de “não livre nem justa” e rotulando a Rússia como “uma sociedade autoritária”.
Estas observações destacam as preocupações da OTAN sobre o processo democrático na Rússia e as implicações de segurança para países vizinhos como a Ucrânia e a Geórgia.