Onde a morte assistida é legal?
Os enquadramentos legais em torno da morte assistida variam em todo o mundo.
A Bélgica, o Canadá, a Colômbia, o Luxemburgo, os Países Baixos e a Suíça legalizaram alguma forma de morte assistida, permitindo-a ao abrigo de quadros regulamentares rigorosos.
Geralmente, estes países exigem que um potencial paciente esteja de bom juízo, experimente um sofrimento médico insuportável e enfrente uma doença terminal durante algum tempo antes de poder solicitar assistência para acabar com a sua vida.
Nos Estados Unidos, a legislação difere de estado para estado. A morte assistida é actualmente permitida em estados como Oregon, Washington e Vermont, mas outros estados continuam envolvidos em constantes debates morais, éticos, religiosos e sociais sobre se o serviço deve ou não estar disponível.
Entretanto, países como a Austrália, a Nova Zelândia e vários países europeus – incluindo o Reino Unido – continuam a dialogar sobre a potencial legalização, com forte apoio de ambos os lados do debate.
Que questões morais e éticas emergem?
No centro do debate sobre a morte assistida reside um grande conflito entre morais.
Os seus defensores argumentam que os indivíduos têm o direito de exercer autonomia sobre os seus próprios corpos, particularmente face a dores excruciantes e doenças terminais. Dizem que o serviço representa uma opção compassiva para aqueles cujo sofrimento se tornou insuportável.
Ao mesmo tempo, os opositores levantam preocupações sobre a erosão da santidade da vida, bem como sobre as consequências não intencionais que podem surgir da legalização. Eles alertam que isso pode levar à diminuição da confiança nos profissionais de saúde, ao mesmo tempo que dá início a uma ladeira escorregadia rumo à eutanásia sem consentimento.
Embora os defensores da morte assistida reiterem que seriam implementadas salvaguardas rigorosas, os críticos lembram aos legisladores que o abuso de poder, a coerção e a manipulação podem ocorrer, quer estas medidas existam ou não.
Em locais onde a morte assistida é legal, surgiram relatos de pacientes idosos e marginalizados que se sentem pressionados por familiares ou cuidadores a pôr fim às suas vidas.
Tais casos servem como um lembrete da área obscura entre a autonomia individual e a pressão de fontes externas nos bastidores.
Depois, há a preocupação com o seu potencial de uso indevido. Em países onde a morte assistida é legal, surgiram pedidos de pessoas que afirmam sentirem-se um fardo para a sociedade, para as suas famílias ou para os seus pares.
Este cenário apresenta um sério desafio ético porque a linha entre a autonomia genuína e as pressões sociais é ténue.
Também inaugura o debate sobre se a morte assistida deve ser concedida apenas em casos de sofrimento físico extremo ou quando um paciente enfrenta desafios psicológicos crónicos.
A economia de tudo
O acesso aos cuidados de fim de vida depende muitas vezes de numerosos factores combinados, incluindo o estatuto económico, a educação e a localização geográfica.
Em geral, as disparidades no acesso aos cuidados de saúde e aos recursos médicos têm feito com que as populações marginalizadas enfrentem barreiras no acesso a qualquer forma de opções de fim de vida. Este é especialmente o caso de viver onde o sector da saúde é privatizado.
Tendo isto em conta, o custo associado à realização de procedimentos legais e à obtenção de aprovação médica para a morte assistida poderia agravar ainda mais a disparidade socioeconómica.
Legalizar ou não legalizar?
À medida que o debate global sobre a morte assistida continua, manter o equilíbrio entre compaixão e cautela envolve caminhar numa linha tênue.
Se avançar, é evidente que os países necessitarão de quadros regulamentares robustos. O diálogo contínuo para salvaguardar e proteger os direitos dos pacientes é também fundamental para garantir que a legislação avance no caminho certo.
Parece que as complexidades deste debate não são apenas agravadas por processos legislativos complexos ou por diferentes perspectivas sociais, filosóficas e religiosas, mas porque envolve a única coisa em que todos temos um interesse comum: o que significa viver e morrer com dignidade.
Por essa razão, a legalização da morte assistida continuará provavelmente a ser um longo caminho em países onde as ideologias variam de pessoa para pessoa.