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A Rússia ordena a dissolução da organização de direitos humanos Memorial

No que está sendo denunciado como mais um ataque à democracia russa, o Estado ordenou a liquidação do grupo de direitos humanos Memorial. 

A sociedade civil na Rússia tem uma história complicada para dizer o mínimo, e muitos estão preocupados que o regime autoritário de décadas passadas esteja voltando. 

Esta semana, o tribunal da cidade de Moscou ordenou a dissolução da instituição de direitos humanos mais proeminente do país, o Memorial Internacional. Agora oficialmente considerado um 'agente estrangeiro', o equipamento não poderá mais demonstrar legalmente ou liberar trabalhos comerciais, e todas as instalações associadas foram fechadas. 

Enquanto o tribunal citou a 'justificação do extremismo e do terrorismo' como as razões por trás da decisão, os ativistas argumentam que o Estado pós-soviético está tentando encobrir sua história problemática enquanto se diverte com seu papel na derrota da máquina de guerra nazista. 

Outros sugerem que estamos vendo uma manobra insidiosa para suprimir os direitos civis e expandir a influência militar além das fronteiras russas. Então, quem está mais próximo da verdade?

As origens do Memorial 

Originalmente registrado em 1990, o Memorial foi formado após a morte de Andrei Shakarov – um reverenciado físico e ativista de direitos humanos que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1975. 

Seu objetivo original era histórico: principalmente, documentar incidentes de repressão política e atrocidades perpetradas durante a era stalinista, já que os crimes de guerra da URSS não tiveram repercussões reais semelhantes às de Nuremberg (a perseguição em massa de figuras de proa nazistas). 

Desde a virada do século, o Memorial continua prestando homenagem às vítimas, ao mesmo tempo em que gradualmente se torna mais engajado em eventos educacionais e beneficentes que promovem a democracia e o amadurecimento da sociedade civil.

Nesse período, o Memorial recebeu uma variedade de prêmios por contribuições a pessoas deslocadas internamente, trabalhos de pesquisa/literatura e projetos antiautoritarismo. As duas últimas áreas de especialização são, em última análise, onde o grupo encontrou seu fim. 

Durante todo o tempo em que o Memorial existiu, houve pressão e atrito constantes de figuras políticas. Mas, na grande velhice de 2021, foi o reinado de Vladimeer Putin que o destruiu. 

Não fica bem sentado, não é? A história ainda está longe de terminar.


A inevitável queda 

A Memorial International postou uma declaração afirmando que "encontrará maneiras legais de continuar seu trabalho", destacando a "exigência de cidadãos russos" para honrar o trágico destino de milhões. 

O comissário da UE para os direitos humanos, Dunja Mijatovic, chamou a decisão de 'movimento deplorável' e lamentou o 'caráter repressivo' da Rússia. A seita das Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, e o escritório de direitos humanos da ONU também estão entre os que se opõem à decisão de Putin. 

Agarrando manchetes com razão, não é apenas o Memorial que está sofrendo o peso das autoridades russas. No período que antecedeu as eleições, dezenas de grupos de direitos humanos, meios de comunicação e jornalistas foram levado ao exílio – com ameaças de nova acusação.

Há uma clara falta de sutileza nas liberdades da Internet sendo revertidas também. Em 24 de dezembroth, os tribunais aplicaram uma multa de US$ 100 milhões Google por 'falhas sistemáticas na remoção de conteúdo proibido' e exigiu cerca de US$ 27 milhões do Facebook e do Instagram. 

Um tanto ironicamente, pode-se argumentar que a liderança de Putin revela algumas das características de Stalin – reconhecidamente, diluída e muito menos selvagem. Os acusados ​​de serem 'agentes estrangeiros' não são mais enviados ao Gulag, mas sistematicamente silenciados em uma frente democrática. 

Quando se trata de intervenção externa, a ameaça de guerra está sempre lá, pesando mais do que a obrigação moral. Grupos da sociedade civil são rotulados como 'colaboradores ocidentais' e o Kremlin ainda está promovendo a narrativa de que a Rússia está sob ameaça da América e da Ucrânia. 

Faça da situação o que você quiser. Putin governar com mão de ferro não é novidade, mas quando se trata de sufocar a democracia para seu próprio benefício, ele está definitivamente se tornando mais descarado. 

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