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Impactos das mudanças climáticas supostamente pioram os surtos de cólera

A bactéria por trás de uma das doenças mais mortais da história está prosperando novamente devido, em parte, ao aumento da frequência de climas extremos. Os surtos em 2022 aumentaram 50% nas médias anuais.

No ano passado, cerca de 200,000 malawianos foram deslocados por duas tempestades tropicais em um único mês e cerca de 60 pessoas morreram. 19 meses depois da tragédia, os surtos de cólera se desviaram completamente de seus padrões habituais e os especialistas estão preocupados.

Como a cólera é uma doença diarreica que se espalha em regiões sem acesso a água potável e saneamento, faz sentido que as inundações exacerbem um surto. O que não se esperava é que o spread fosse rampante durante os meses da estação seca após as tempestades Ana e Gombe terem diminuído.

Em um ano típico, a doença relacionada à bactéria aparece de dezembro a março, com casos altamente concentrados ao redor do lago Malawi, no sul. Em agosto de 2022, no entanto, um surto permeou as áreas norte e central e, no início de fevereiro de 2023, as infecções atingiram o pico de 700 por dia – com uma taxa de mortalidade três vezes mais alto como a média.

Um gráfico de linhas mostrando que os casos globais de cólera aumentaram cerca de quatro vezes desde 2000

Em todo o planeta, os casos de cólera aumentaram cerca de quatro vezes desde o ano 2000 e continuam a fazê-lo. Seguindo o números alarmantes do Malawi, muitos estão agora questionando seriamente se os efeitos da mudança climática e a intensificação do clima são fatores relevantes na propagação da doença aumento anual.

A Organização Mundial da Saúde diz que, embora a pobreza e os conflitos continuem sendo os principais fatores de propagação, as mudanças climáticas e o agravamento das inundações repentinas são certamente “multiplicadores de risco”.

'Os indicadores de saneamento de água do Malawi já eram extremamente ruins', diz especialista em emergências de saúde do UNICEF Raoul Kamadje, 'mas as tempestades pioraram uma situação ruim.'

Há pouca credibilidade na teoria de que o aquecimento das temperaturas turbina diretamente o surto de cólera, mas “um dos grandes mecanismos pelos quais eventos extremos impactarão o risco de cólera é a destruição da infraestrutura de água e saneamento”, explica Kamadje.

Naquela frente, o Banco Mundial estimou em 2022 que o ciclone Ana derrubou 340 poços e destruiu 54,000 latrinas, o que significa que os deslocados terão utilizado todas as fontes de água disponíveis, incluindo aquelas contaminadas com cólera. As colheitas inevitavelmente também entraram em contato com a doença em terras encharcadas no sul.

Secas como resultado de calor extremo em lugares como Quênia, Etiópia e Somália também viram a cólera proliferar no ano passado, pois populações maiores são forçadas a fazer uso das mesmas fontes de água. A desnutrição em áreas atingidas pela pobreza, entretanto, enfraquece ainda mais a imunidade dos habitantes locais.

Não desmerecendo de forma alguma outros fatores, como taxas de vacina, acesso a auxílio, e a formação de deslizamentos de terra através desmatamento, mas inúmeros sinais apontam para a mudança climática e seus impactos secundários como sendo significativos no número crescente de casos de cólera ano após ano.

Independentemente das opiniões divergentes sobre o assunto, porém, o preocupante é que haverá muito mais oportunidades para medir a correlação entre o clima extremo e a propagação da doença no futuro próximo… e aí está o maior problema.

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