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Nossa obsessão pelo colágeno está prejudicando o planeta

Uma investigação sobre as cadeias de abastecimento deste 'produto maravilhoso' para a pele, envelhecimento e saúde que está no centro de uma mania global de bem-estar descobriu um lado negro de seu cultivo.

O colágeno, que compõe 60% de nossa cartilagem, representa 70 a 80% do peso seco da pele e está presente em outros tecidos conjuntivos, como tendões, músculos e ossos, é a proteína mais abundante no corpo humano. – responsável pela sua elasticidade, hidratação e resiliência.

À medida que envelhecemos, sua produção diminui, levando a menos mobilidade e a uma aparência mais envelhecida e enrugada.

A desejo mitigar esses efeitos é o que colocou essa molécula 'milagrosa' no centro de uma mania global de bem-estar que fez com que o valor estimado da indústria agora em expansão disparasse para $ 4bn.

Criando uma enorme demanda por suplementos para tentar repor artificialmente o colágeno que temos; marcas e empresas farmacêuticas aproveitaram a oportunidade para promover o 'produto maravilhoso'.

Mas tem que vir de algum lugar e, apesar dos repetidos apelos por cadeias de suprimentos de beleza e cuidados pessoais mais ecológicas, parece que algum lugar está de fato prejudicando o planeta.

Isso é de acordo com O Bureau de Jornalismo Investigativo (TBIJ), que recentemente revelou um lado sombrio de seu cultivo.

Embora possa ser extraído de peixes, porcos e frangos, o colágeno bovino representa 34% do mercado. Grand View Research atribui isso à 'alta disponibilidade de gado e preços mais baixos'.

Conforme declarado no relatório do TBIJ, adquiri-lo dessa maneira está gerando desmatamento ilegal e abusos contra comunidades indígenas.

Já o impacto prejudicial de carne e soja nas florestas tropicais brasileiras é bem conhecido, mas pouca atenção tem sido dada a essa igualmente preocupante contribuição para a destruição de nossa Terra.

A investigação é a primeira a vincular o colágeno bovino à perda de florestas tropicais e à violência contra os povos indígenas. Ele descobriu que, para fornecer terras agrícolas suficientes para as dezenas de milhares de gado necessários para produzi-las, pelo menos 1,000 milhas quadradas de desmatamento foram necessárias até agora.

“Embora os usuários mais evangélicos do colágeno afirmem que a proteína pode melhorar o cabelo, a pele, as unhas e as articulações, retardando o processo de envelhecimento, ela tem um efeito duvidoso na saúde do planeta”, escreveram os autores do relatório.

'Por trás da popular variedade 'bovina', em particular, encontra-se uma indústria opaca que impulsiona a destruição das florestas tropicais e alimenta a violência e os abusos dos direitos humanos na Amazônia brasileira."

Parte desse colágeno pode ser atribuído à Vital Proteins, de propriedade da Nestlé, um dos principais produtores de suplementos de colágeno bovino.

A linha de colágeno da Vital Proteins é vendida globalmente, inclusive nos EUA e no Reino Unido, e é liderada por ninguém menos que Jennifer Anniston. Depois que o TBIJ os contatou para comentar, a empresa disse a seus compradores que encerraria o fornecimento da região amazônica imediatamente.'

Infelizmente, com as empresas de colágeno não enfrentando nenhuma obrigação de monitorar seu impacto ambiental, outras podem não estar tão dispostas a fazer mudanças.

Em resposta a isso, Rick Jacobsen, gerente de política de commodities da Agência de Investigação Ambiental, disse ao TBIJ que 'é importante garantir que esse tipo de regulamentação abranja todos os principais produtos que possam estar ligados ao desmatamento.'

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