O parlamento da Indonésia aprovou um novo e controverso código penal que proíbe tanto locais quanto estrangeiros de praticar sexo extraconjugal. Os críticos veem a medida como um "desastre" para os direitos humanos e um golpe potencial para o crescente setor de turismo do país.
Após anos de discussões parlamentares e debate público acalorado, a Indonésia acaba de aprovar um novo e controverso código penal que, segundo os críticos, é um revés dramático para as liberdades na terceira maior democracia do mundo.
De acordo com a legislação draconiana, pais, filhos ou cônjuges poderão denunciar casais não casados à polícia se suspeitarem que eles fizeram sexo fora do casamento.
Se os denunciados forem considerados culpados, eles enfrentarão pena de até doze meses de prisão.
"O objetivo é proteger a instituição do casamento e os valores indonésios", disse Alberto Áries, porta-voz do Ministério da Justiça da Indonésia, na época do anúncio.
'Ao mesmo tempo, sendo capaz de proteger a privacidade da comunidade e também negar os direitos do público ou de terceiros de relatar este assunto ou 'bancar de juiz' em nome da moralidade.'
A medida, que muitos consideram um aceno ao policiamento moral, ressalta o crescente conservadorismo de um país há muito aclamado por sua tolerância religiosa, com o secularismo consagrado em sua constituição.
Também há temores de que possa ser usado para atingir membros da comunidade LGBTQ+, uma vez que o açoitamento público já ocorre na região por uma série de crimes, incluindo homossexualidade e adultério.
Um projeto anterior deveria ser aprovado em 2019, mas a votação foi adiada depois que milhares de manifestantes, a maioria estudantes, foi às ruas exigindo que o governo a retire.
"O que estamos testemunhando é um golpe significativo no progresso duramente conquistado da Indonésia na proteção dos direitos humanos e liberdades fundamentais após a revolução de 1998", disse. diz o diretor da Amnistia Internacional Indonésia, Usman Hamid, que acredita que as expansões nas leis existentes terão um 'efeito inibidor' na liberdade de expressão.